sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Se - Rudyard Kipling



Se és capaz de manter tua calma, quando,
todo mundo ao redor já a perdeu e te culpa.
De crer em ti quando estão todos duvidando,
e para esses no entanto achar uma desculpa.

Se és capaz de esperar sem te desesperares,
ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
e não parecer bom demais, nem pretensioso.

Se és capaz de pensar - sem que a isso só te atires,
de sonhar - sem fazer dos sonhos teus senhores.
Se, encontrando a Desgraça e o Triunfo, conseguires,
tratar da mesma forma a esses dois impostores.

Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas,
em armadilhas as verdades que disseste
E as coisas, por que deste a vida estraçalhadas,
e refazê-las com o bem pouco que te reste.

Se és capaz de arriscar numa única parada,
tudo quanto ganhaste em toda a tua vida.
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
resignado, tornar ao ponto de partida.

De forçar coração, nervos, músculos, tudo,
a dar seja o que for que neles ainda existe.
E a persistir assim quando, exausto, contudo,
resta a vontade em ti, que ainda te ordena: Persiste!

Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes,
e, entre Reis, não perder a naturalidade.
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
se a todos podes ser de alguma utilidade.

Se és capaz de dar, segundo por segundo,
ao minuto fatal todo valor e brilho.
Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo,
e - o que ainda é muito mais - és um Homem, meu filho!



E precisa dizer mais?? ;)

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

O caçador de pipas (Khaled Hosseini)


"Eu me tornei quem sou hoje aos doze anos, em um dia nublado e gélido do inverno de 1975. Lembro do momento exato em que isso aconteceu, quando estava agachado por detrás de uma parede de barro parcialmente desmoronada, espiando o beco que ficava perto do riacho congelado. Foi há muito tempo, mas descobri que não é verdade o que dizem a respeito do passado, essa história de que podemos enterrá-lo. Porque, de um jeito ou de outro, ele sempre consegue escapar."

Amir e Hassan, eram melhores amigos, cresceram juntos e mamaram no mesmo leite, o que tornou seus laços muito fortes, mesmo sendo de classes e etnias diferentes. Hassan não sabia ler e escrever, mas era muito inteligente, corajoso e dotado de uma alma muito pura, via em Amir um irmão e sempre fazia de tudo para defendê-lo e vê-lo feliz. 
Eles tiveram uma boa infância, partilhavam do mesmo gosto para histórias(Amir sempre lia para Hassan, o que o deixava radiante), filmes e a paixão de todos os meninos de doze anos: pipas.
Amir era um ótimo empinador e Hassan um veloz caçador. Quando houve uma batalha no bairro, eles se uniram para conquistar a vitória. Mas o destino dos meninos afegãos mudou com a batalha da pipa azul.

" - Você ganhou, Amir agha! Você ganhou!
- Nós ganhamos! Nós ganhamos! - ...
...- Hassan,nós...
- Eu sei - disse ele se desvincilhando do meu abraço. - Inshallah, vamos festejar mais tarde. Agora, vou apanhar aquela pipa azul para você - acrescentou. Largou o carretel e saiu correndo, com a borda do chapan verde arrastando na neve atrás de si.
- Hassan! - gritei eu. - Volte com ela!
Ele já estava dobrando a esquina, com as botas de borracha levantando neve do chão. Parou e se virou. Pôs as mãos em concha junto da boca.
- Por você, faria isso mil vezes - disse ele. E deu aquele sorriso de Hassan, desaparecendo na esquina.Só voltei a vê-lo sorrir assim tão descontraído vinte e seis anos mais tarde..."

Muito tempo depois, as reviravoltas na vida de Amir e o desejo de querer ter feito tudo diferente, o fazem voltar ao Afegalistão. Lá descobre que ele e Hassan tinham um laço muito mais forte que pensavam e se vê em uma situação muito parecida com o passado, tendo a chance de um final feliz. 

O caçador de pipas é uma história emocionante que eu amei... e recomendo.